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Jaakko Seikkula: «Durante a crise psicótica o paciente está mais aberto a partilhar os seus sentimentos»
Jaakko Seikkula, professor catedrático de psicoterapia na University of Jyväskylä, na Finlândia, foi um dos convidados do 3rd International Mental Health Meeting, que aconteceu em Lisboa. O também mentor do sistema de tratamento Diálogo Aberto mostrou às centenas de participantes que a recuperação é uma realidade, e que os passos a dar são bem simples (desde que exista cooperação).
A necessidade de uma terapia revolucionária surgiu na Lapónia Ocidental, na Finlândia, durante a segunda metade do século XX, altura em que a região apresentava um dos maiores índices de esquizofrenia da Europa. Hoje em dia já não é assim, e essa mudança deve-se maioritariamente ao método utilizado para reverter essa situação, o Diálogo Aberto.
O que é o Diálogo Aberto?
“O Diálogo Aberto é uma forma de organizar os serviços psiquiátricos com o objetivo de ajudar o paciente durante uma crise com a máxima urgência, trabalhando em conjunto com a família e outras partes da sua rede social”, explica o Professor Jaakko Seikkula.
O Diálogo Aberto recorre à rede social que rodeia o paciente, desde família, amigos, médicos, psiquiatras, serviços sociais ou todos aqueles que possam contribuir e diagnosticar problemas numa fase mais antecipada.
“Não se deve insistir nos sintomas ou numa solução específica, mas sim tentar perceber o que aconteceu e o que levou o paciente a uma crise”, continua Jaakko Seikkula.
O objetivo passa por facilitar o diálogo (interno e externo) mobilizando o paciente a utilizar os seus próprios recursos.
Por vezes, a melhor altura para serem ajudados pode ser mesmo durante uma crise, altura em que, para o especialista, o paciente pode estar mais predisposto a abrir-se sobre os seus sentimentos.
“Quando o paciente está mais psicótico, mais agitado, em 90% dos casos torna-se mais coerente durante as reuniões de grupo. E para mim isso é muito mais construtivo porque assim o processo de se tornar coerente acontece em grupo em vez de ser em isolamento”, esclareceu Seikkula.
Esta abordagem contribui para uma avaliação mais precisa do estado do paciente e permite optar por um tipo de tratamento específico que pode ou não passar pela medicação.
“Os problemas psicóticos são emoções que resultam em depressão, ansiedade, pânico, entre outros. Mecanismos que todos precisamos se estivermos em situações stressantes. É nesse ponto que começamos a criar alucinações na nossa mente para sobreviver a essas situações stressantes ou algo pior que tenha acontecido”, exemplificou o finlandês.
Jaakko marcou também presença no debate que decorreu na segunda parte do Encontro, sobre Neoliberalismo e a Saúde Mental, tendo acabado por responder a algumas questões que tinham ficado suspensas depois da sua intervenção.
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